A Polícia Federal iniciou nesta quarta-feira (5) a Operação Catraia, com o objetivo de investigar um grupo suspeito de envolvimento no contrabando de migrantes cubanos pela fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa, no rio Oiapoque, localizado no Norte do Amapá. Durante a ação, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão nas cidades de Oiapoque, Santana e Macapá. A operação destaca a crescente preocupação com o fluxo migratório ilegal na região amazônica, onde redes criminosas exploram vulnerabilidades fronteiriças para facilitar travessias irregulares.

A investigação teve início em 2024, após a prisão em flagrante de um catraieiro, operador de pequenas embarcações responsáveis pelas travessias do rio, que foi detido por tráfico internacional de armas ao transportar mil munições da Guiana Francesa para o Brasil. A partir desse caso, a PF identificou uma rede criminosa composta por catraieiros, intermediadores e motoristas de picapes, que atuavam no transporte ilegal de migrantes entre São Jorge e Oiapoque. Os envolvidos cobravam valores abusivos em moeda estrangeira, submetendo os migrantes a condições exploratórias.

De acordo com a PF, esses migrantes cubanos não permanecem no Brasil, utilizando o país apenas como rota de passagem em direção aos Estados Unidos, conforme apontado pela Operação Piratas do Caribe, realizada em setembro. Registros oficiais em Oiapoque revelam um aumento significativo no número de migrantes: 11 em 2021, nenhum em 2022, 2.587 em 2023, 8.204 em 2024 e 6.634 até agosto de 2025. O transporte terrestre era realizado por motoristas conhecidos como “picapeiros” ou “piratas”, que percorriam estradas que cortam o estado, ampliando os riscos de violações aos direitos humanos e à segurança nacional.

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